Guerra Tarifária e Estratégias de Investimento: Reflexões e Ajustes em Meio à Volatilidade
- Leonardo Strambi, CFA
- 22 de abr.
- 4 min de leitura
Atualizado: 20 de mai.

Tarifas, tarifas e tarifas...
Nos últimos dias, os mercados globais foram abalados pelo anúncio de tarifas pelos Estados Unidos, feito em 2 de abril. A medida gerou forte reação: o S&P 500 caiu 4,89% no dia 03/04 e 5,94% no dia 04/04.
Hoje, após uma sessão noturna bastante negativa (com direito a circuit breaker nos mercados asiáticos), está sendo mais um dia de forte volatilidade. O índice chegou a cair 5% no início da manhã, virou para o campo positivo após rumores de que os EUA poderiam adiar por 90 dias a implementação das tarifas para negociar com outros países, mas voltou a recuar com força — batendo quase -2,0% em poucos minutos — após a Casa Branca desmentir a informação. Por volta das 14h30, operava próximo da estabilidade, em -0,11%.
A resposta do mercado se intensificou após a imposição de tarifas retaliatórias pela China, ampliando os temores de uma desaceleração global. Os yields das Treasuries recuaram em todos os vértices diante da busca por ativos seguros, enquanto ações de setores como tecnologia e matérias-primas sofreram perdas expressivas.
Na nossa visão, as próximas reações do mercado dependerão de alguns gatilhos, como:
O escopo das retaliações comerciais, sobretudo por parte da China e da União Europeia, que podem elevar a volatilidade dos mercados;
Sinais do Federal Reserve sobre a política monetária — cortes de juros para conter riscos de recessão podem ser bem recebidos pelo mercado. A ata do FOMC, que será divulgada na quarta-feira (09), será crucial: um tom mais restritiva tende a fortalecer o dólar e pressionar emergentes, enquanto uma postura mais acomodativa pode trazer alívio temporário.
Indicadores econômicos relevantes, como o CPI, a ser divulgado também na quarta (09) e o PPI, na quinta (10) nos EUA. Se vierem acima do esperado, podem pressionar os yields dos bonds e reduzir ainda mais o apetite por risco.
Os desdobramentos seguem incertos: tarifas amplas podem elevar a inflação e frear o crescimento, enquanto uma reabertura de negociações pode aliviar as tensões. Diante disso, o cenário permanece altamente dependente dos próximos movimentos geopolíticos e econômicos, com múltiplos desfechos possíveis e sem assimetrias claras que justifiquem apostas direcionais mais contundentes, com o nível de informação que se tem.
O S&P já caiu aproximadamente 20% do pico em Fevereiro. Em recessões, historicamente o índice caiu entre 20-30% na média, com algumas exceções onde a queda foi maior (1973, 2000 e 2008 com quedas entre 40-50%).
Nossa estratégia: prudência e oportunismo tático
Além disso, diversos indicadores técnicos apotam para um mercado sobrevendido, o que sugere que podemos ter pelo menos um repique de preços no curto prazo. Apesar disso, nossa postura tem sido prudente (lembrando que não fazer nada também é uma decisão ativa!). Estamos aguardando a estabilização da volatilidade, enquanto seguimos atentos aos valuations e fundamentos, revisitando as principais teses de investimento estruturais dos portfólios.
Para os portfólios administrados, temos mantido uma abordagem disciplinada:
Manutenção da prudência: Continuamos revisitando as teses de investimento estruturais, priorizando fundamentos sólidos e valuations atrativos. A decisão de “não fazer nada” em momentos de alta incerteza tem se mostrado acertada, preservando capital enquanto aguardamos maior clareza.
Oportunidades táticas: Para clientes com maior apetite ao risco, recomendamos entradas graduais em ETFs amplos, como o SPY (S&P 500) e o QQQ (Nasdaq), nos dias de pico de volatilidade e drawdown. Essa estratégia tem permitido capturar parte da recuperação recente, evitando os riscos idiossincráticos de teses específicas, porém aumenta o grau de volatilidade do portfólio.
Gestão ativa: Estamos atentos a possíveis correções adicionais para reequilibrar posições, especialmente se os gatilhos mencionados — como avanços em negociações comerciais ou sinais mais claros do Fed — trouxerem maior estabilidade.
Olhando adiante
Para os próximos passos, avaliamos tanto a possibilidade de reforçar a postura cautelosa quanto a de, eventualmente, aproveitar correções pontuais para reequilibrar posições — a depender dos desdobramentos futuros, especialmente em relação aos gatilhos que mencionamos.
O cenário permanece desafiador, mas também oferece oportunidades para investidores disciplinados. A possibilidade de uma reabertura de negociações comerciais ou de uma postura mais dovish do Federal Reserve pode pavimentar o caminho para uma recuperação mais consistente. Por outro lado, uma escalada nas tensões comerciais ou dados econômicos decepcionantes podem reacender a volatilidade.
Para os próximos meses, nossa prioridade é manter a flexibilidade, ajustando as carteiras conforme os fundamentos e as condições de mercado evoluem. Seguimos comprometidos em proteger o capital de nossos clientes enquanto buscamos aproveitar os momentos de assimetria que o mercado vier a oferecer.
Se você é cliente ou está considerando uma parceria com a Austria Capital, entre em contato. Estamos prontos para discutir como podemos alinhar nossas estratégias aos seus objetivos de longo prazo.
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Leonardo Strambi, CFA Economista graduado pela PUC-RJ, MBA em Gestão de Investimentos pelo IAG/PUC-RJ, Gestor de Recursos CVM - CGA/CGE e CFA Charterholder, CFA Institute. Fundou a Austria Capital em 2017, onde atua como diretor de gestão patrimonial e gestor de portfólios. |
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