Giro Global #31: Crise financeira evolui e UBS compra Credit Suisse.
- Leonardo Strambi, CFA

- 19 de mar. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 20 de mar. de 2023
Após uma semana brutal, onde vimos o segundo e o terceiro maior colapso bancário dos EUA na história, já é possível estabelecer alguns importantes paralelos com a crise de 2008: volatilidade nos mercados, problemas e fragilidade do setor financeiro no centro das atenções e os policymakers atuando mais em contenção de danos do que em propostas preventivas e proativas.
A semana passada foi marcada pela discussão sobre a saúde dos sistemas financeiros globais.
Em meio a um cenário onde os bancos centrais ao redor do mundo devem continuar a implementação de políticas monetárias restritivas, o aumento da taxa de juros afeta a rentabilidade dos bancos, colocando muitos deles em situações mais desafiadoras.
Na semana anterior, destaquei o colapso do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank, de Nova Iorque.
Nesta semana, o grande ponto de atenção foi a aquisição do Credit Suisse pelo UBS, amplamente divulgada pela mídia no domingo (19).
O UBS vai pagar aproximadamente 3 bilhões de dólares e assumir aproximadamente 5.4 bilhões em prejuízos. O Credit Suisse tem 167 anos de existência e está na lista do Financial Stability Board (FSB) de 30 bancos mundiais classificados como "global systematically important banks".
Confira os principais números do UBS e do Credit Suisse e entenda a trajetória conturbada do Credit Suisse, que chegou a valer 70 bilhões de dólares em 2006.


O acordo de compra prevê uma assistência de liquidez ao CS de 108 bilhões de dólares pelo Swiss National Bank, além de uma garantia pelo governo federal da Suíça, de US$ 9,7 bilhões.
A FINMA, autoridade supervisora do mercado financeiro suíço, já deu o aval para que os bancos sigam suas atividades sem restrições.
Como demonstrado pelo gráfico acima, os problemas do Credit Suisse, em especial a estrutura inchada e ativos de baixa liquidez, já estavam em uma trajetória de deterioração nos últimos anos e, a partir do colapso do Silicon Valley Bank e do Signature Bank, temores de uma eventual corrida bancária se agravaram, fazendo com que os reguladores suíços tomassem as rédeas para intermediar as negociações entre CS e UBS com agilidade, de forma a garantir a estabilidade financeira da economia do país.
Duas importantes citações retiradas da cobertura da Reuters resumem o posicionamento do Banco Central Europeu sobre o tema:
"The euro area banking sector is resilient, with strong capital and liquidity positions";
"In any case, our policy toolkit is fully equipped to provide liquidity support to the euro area financial system if needed and to preserve the smooth transmission of monetary policy."
Conforme destaquei na semana passada, a resposta rápida e certeira dos policymakers é fundamental para trazer estabilidade para os mercados, mas deixa no ar a inevitável discussão sobre moral hazard, portanto será importante monitorar os desdobramentos dos eventos.
Outro impacto relevante é a liquidez dos sistemas financeiros. Nos últimos dias, os bancos nos EUA recorreram ao FED para obter quantias recordes de liquidez de emergência. Foram 152,9 bilhões de dólares da linha de crédito de último recurso do FED e 11,9 bilhões de dólares em empréstimos a prazo para bancos. Os valores chamam muito a atenção, principalmente por desfazerem, em pouquíssimo tempo, o enorme esforço da autoridade monetária em reduzir o tamanho do seu balanço.


No Brasil, o Ibovespa caiu -1,6% e o grande tema continua sendo a enorme dificuldade do governo Lula em apresentar um arcabouço fiscal crível, que crie condições para queda nos juros.
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Bancos centrais em ação
Os principais headlines de política monetária ao redor do mundo na semana.
Euro zone inflation eases in Feb but core prices pick up
U.S. labor market remains tight; housing market stabilizing
Japan registers two straight years of export growth in February, outlook less rosy
China Feb new home prices rise at fastest pace since July 2021
Australia employment rebounds in Feb, jobless drops back to near 50-yr lows
New Zealand's economy shrinks in Q4, changing rate outlook
Obrigado pela leitura.
Espero ter conseguido entregar o máximo de valor pelo mínimo de tempo.
Uma excelente semana e bons negócios.
Fundador e Assessor de Investimentos na Austria Capital
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