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Carta 5: Desinflação, uma nova realidade

  • Foto do escritor: Leonardo Strambi, CFA
    Leonardo Strambi, CFA
  • 9 de set. de 2024
  • 4 min de leitura

Atualizado: há 3 dias

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Clientes e amigos,


Os mercados globais seguem enfrentando incertezas devido às expectativas sobre a magnitude dos cortes de juros do Federal Reserve (Fed). A desaceleração no mercado de trabalho contribuiu para o aumento da probabilidade de recessão e gerou grande repercussão. A mudança de paradigma, da inflação persistente do pós-pandemia e a alta probabilidade de um cenário de "higher for longer" para um ambiente de desinflação ou até mesmo deflação, apresenta novos desafios e oportunidades para investidores e formuladores de políticas. Na carta deste mês, exploramos essas possibilidades e suas possíveis implicações para o restante do ano. Boa leitura!


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Juros e inflação


As últimas semanas foram marcadas pela discussão acerca das expectativas sobre as ações do Federal Reserve (Fed) em relação aos cortes de juros. Nos últimos dias, os mercados de ações dos EUA recuaram, impactados por um relatório de emprego que mostrou uma desaceleração no mercado de trabalho.


Os juros de 10 anos dos EUA caíram para a mínima de 15 meses antes de uma leve recuperação, com o mercado ainda indeciso sobre se o Fed cortará as taxas em 25 ou 50 pontos-base. Em nossa visão, iniciar o ciclo de cortes com 50 bps pode ser uma sinalização de que a autoridade monetária entende que está 'atrás da curva', o que pode repercurtir mal nos mercados.


As expectativas para a próxima reunião do Fed continuam a influenciar os mercados, com o debate sobre o tamanho do corte de juros ainda em aberto. Embora um corte de 50 pontos-base pareça improvável, os sinais de deterioração nos fundamentos do mercado de trabalho podem pressionar o Fed a adotar uma abordagem mais agressiva nos próximos meses, em um eventual cenário onde a probabilidade de recessão ganhe força.


Uma mudança de paradigma, da inflação persistente do pós-pandemia e a alta probabilidade de um cenário de "higher for longer" para um ambiente de desinflação ou até mesmo deflação, apresenta novos desafios e oportunidades para investidores e formuladores de políticas. Com este pano de fundo, exploraremos a seguir as possibilidades dessa nova e cada vez mais possível realidade.


Desinflação: uma nova realidade à vista ?


Nos últimos anos, os Estados Unidos enfrentaram uma das mais intensas pressões inflacionárias em décadas. Agora, enquanto o Federal Reserve (Fed) continua seus esforços para trazer a inflação de volta à meta de 2%, os investidores começam a se deparar com uma nova possibilidade: e se a inflação não apenas atingisse a meta, mas caísse abaixo dela?


Uma Nova Realidade?


Embora os desafios de reduzir a inflação para 2% ainda persistam, alguns sinais indicam que o verdadeiro risco para os mercados pode não ser uma inflação persistentemente alta, mas sim o desaparecimento das pressões inflacionárias. Recentes quedas nas métricas de inflação de curto prazo, nos preços das commodities e na robustez do mercado de trabalho apontam para um cenário de desinflação.


Os mercados financeiros reagiram rapidamente a essa nova perspectiva. A recente divulgação dos dados de emprego de agosto revelou um crescimento mais lento das folhas de pagamento, apesar de um aumento nos salários e uma queda na taxa de desemprego.


As pressões desinflacionárias não se limitam aos Estados Unidos. Globalmente, a desinflação está se intensificando, especialmente na zona do euro e em mercados emergentes como Índia e Indonésia. Na China, o cenário é ainda mais extremo, com o país lutando contra um forte processo de deflação.


Nos Estados Unidos, os futuros de petróleo bruto recentemente alcançaram seu nível mais baixo desde 2021. Embora o impacto das commodities na inflação dos EUA tenha diminuído ao longo das décadas, devido à transição da economia para uma base mais voltada para serviços, essas quedas ainda representam uma pressão adicional para a redução da inflação.


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O Equilíbrio dos Riscos: Inflação vs. Crescimento


Apesar das tendências desinflacionárias, alguns indicadores mostram que o crescimento econômico dos EUA continua robusto. O setor de serviços segue em expansão, as vendas no varejo superaram as expectativas e o crescimento do PIB ainda está projetado em 2,1% para o terceiro trimestre, segundo o modelo GDPNow do Fed de Atlanta.


Conforme avaliamos o equilíbrio dos riscos, fica claro que as preocupações estão mudando da inflação para o crescimento. Se a economia conseguir um "pouso suave", a volta para a meta de 2% pode ser gradual. Por outro lado, se o cenário se agravar, há um risco significativo de que a inflação caia bem abaixo da meta.


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Um Novo Paradigma?


Vale lembrar que após a Crise Financeira Global, o Fed enfrentou dificuldades significativas para trazer a inflação de volta para 2%. Algumas das tendências que dificultaram esse processo — como o envelhecimento populacional — ainda estão presentes. Avanços tecnológicos, como o desenvolvimento da inteligência artificial, podem potencialmente pressionar os preços para baixo à longo prazo, pelo ganho de produtividade.


Para que a inflação caia e permaneça consistentemente abaixo da meta de 2%, seria necessário acreditar que o processo de globalização está em retração, que os mercados de energia continuarão fragmentados e que o protecionismo continuará a crescer. Embora este seja um cenário possível, não é garantido. A ideia de que a inflação dos EUA poderia ficar consistentemente abaixo da meta do Fed era impensável durante boa parte do período pós-pandemia, mas agora está se tornando uma possibilidade real.


Essa nova dinâmica exige uma adaptação por parte dos investidores e formuladores de políticas. A transição de um cenário de altas pressões inflacionárias para um de desinflação ou até mesmo deflação pode trazer desafios e oportunidades distintas para a economia e os mercados financeiros.


Caso tenha qualquer dúvida, ou queira entender com mais detalhes sobre o posicionamento dos portfólios e nossa visão de mercado, estamos à disposição.



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Um excelente mês e bons negócios.


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Leonardo Strambi, CFA Economista graduado pela PUC-RJ, MBA em Gestão de Investimentos pelo IAG/PUC-RJ, Gestor de Recursos CVM - CGA/CGE. Fundou a Austria Capital em 2017, onde atua como diretor de gestão patrimonial e gestor de portfólios.

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