Navegando a Volatilidade no Brasil e nos EUA
- Leonardo Strambi, CFA
- 20 de mai.
- 4 min de leitura

Navegando a Volatilidade no Brasil e nos EUA: Inflação, Juros e Rebaixamento de Crédito
Abril foi um mês de ajustes significativos nos mercados globais, com os Estados Unidos no centro das atenções. Dados do índice de preços ao consumidor (CPI) vieram consistentemente acima das projeções, com a inflação anualizada próxima de 4%, frustrando expectativas de cortes iminentes de juros pelo Federal Reserve. Essa dinâmica fortaleceu o dólar, com o índice DXY subindo cerca de 2% no mês, e pressionou ativos de risco, especialmente ações de tecnologia. O Nasdaq caiu 3,5%, refletindo a sensibilidade de empresas de crescimento a taxas de juros mais altas, enquanto o S&P 500 teve desempenho mais resiliente, sustentado por setores defensivos como energia e saúde.
Nos EUA, nossas carteiras internacionais mantiveram alocações táticas em ações de energia, que se beneficiaram da alta do petróleo Brent, impulsionada por tensões geopolíticas no Oriente Médio. Além disso, em maio, dois eventos intensificaram a volatilidade: em 16 de maio, a Moody’s rebaixou a nota de crédito dos EUA de “Aaa” para “Aa1”, citando o aumento da dívida pública (próxima de 130% do PIB) e déficits fiscais crescentes. Isso elevou os yields dos Treasuries de 10 anos para acima de 4,5%, impactando o custo de capital e pressionando o Dow Jones e o Nasdaq. Em 7 de maio, o FOMC optou por manter as taxas de juros na faixa de 4,25% a 4,5%, com um discurso cauteloso sobre inflação e os impactos das políticas comerciais de Trump, como tarifas propostas à China. Para nossas carteiras americanas, reforçamos posições em ETFs de dividendos e bonds corporativos de alta qualidade, buscando proteção contra a volatilidade.
O Mercado Brasileiro: Commodities em Alta, Real em Baixa
No Brasil, o Ibovespa apresentou desempenho misto, com setores ligados a commodities liderando os ganhos. A valorização do minério de ferro e do petróleo sustentou empresas como Vale e Petrobras, que foram pilares de nossas carteiras locais. Essas alocações se beneficiaram da desvalorização do real, que perdeu cerca de 4% frente ao dólar em abril, refletindo a força da moeda americana e a saída de fluxos de mercados emergentes. No entanto, o setor financeiro enfrentou desafios, com bancos como Itaú e Bradesco pressionados por receios de inadimplência em um ambiente de juros elevados (Selic a 10,75%).
A curva de juros doméstica subiu, com as taxas futuras refletindo apostas em um Copom mais hawkish diante das pressões inflacionárias globais e domésticas. Em nossas carteiras brasileiras, aumentamos a exposição a títulos públicos indexados à inflação (NTN-Bs), que ofereceram retornos atrativos e proteção contra a alta do IPCA. Fundos multimercado locais também capturaram oportunidades em estratégias de câmbio, aproveitando a volatilidade do real, mas mantivemos uma abordagem cautelosa em ações de consumo discricionário, dado o crescimento econômico moderado.
Integração das Carteiras: Brasil e EUA em Foco
A interação entre os mercados brasileiro e americano foi um fator chave em abril. A força do dólar beneficiou nossas carteiras internacionais, especialmente em posições dolarizadas, mas pressionou os ativos brasileiros, exigindo ajustes dinâmicos. Nos EUA, priorizamos setores resilientes, como saúde e utilities, e reduzimos a exposição a small caps, mais vulneráveis à alta dos juros. No Brasil, a aposta em commodities continuou a entregar resultados, mas diversificamos com alocações em fundos imobiliários (FIIs) de alta liquidez, que oferecem rendimentos consistentes em um cenário de Selic elevada.
Já em maio, alguns eventos importantes reforçaram a necessidade de uma gestão ativa. O rebaixamento da nota de crédito dos EUA impactou os fluxos globais, reduzindo a entrada de capital no Brasil e pressionando ainda mais o real. A decisão do FOMC, embora esperada, trouxe incertezas sobre o ciclo de juros, afetando as valuations nos dois mercados. Em resposta, seguimos aumentando, em nossas carteiras internacionais, a alocação em bonds de curto prazo, enquanto, no Brasil, mantivemos a preferência por ativos reais e proteção inflacionária.
Perspectivas e Estratégias: Resiliência em Ambos os Mercados
Para os próximos meses, esperamos volatilidade contínua, mas com oportunidades para carteiras bem posicionadas. Nos EUA, monitoramos os desdobramentos das políticas fiscais e comerciais de Trump, que podem impactar a inflação e os mercados de ações. Mantemos uma abordagem defensiva, com foco em empresas de alta qualidade e ETFs de baixa volatilidade. No Brasil, a temporada de balanços do segundo trimestre e a próxima reunião do Copom serão cruciais para definir o rumo dos juros e do Ibovespa. Commodities e renda fixa indexada seguem como pilares de nossas carteiras locais.
Estamos atentos aos indicadores econômicos globais, especialmente na China, que podem influenciar os preços de commodities e, consequentemente, o Brasil. A diversificação entre ativos brasileiros e americanos, combinada com uma gestão ativa, será essencial para capturar retornos e mitigar riscos.
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Leonardo Strambi, CFA Economista graduado pela PUC-RJ, MBA em Gestão de Investimentos pelo IAG/PUC-RJ, Gestor de Recursos CVM - CGA/CGE e CFA Charterholder, CFA Institute. Fundou a Austria Capital em 2017, onde atua como diretor de gestão patrimonial e gestor de portfólios. |
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