Update Macro #1 - Crise nos mercados. E agora?
- Leonardo Strambi, CFA

- 14 de jun. de 2022
- 3 min de leitura
Os últimos meses foram extremamente difíceis para os mercados acionários. Mas o que de fato está acontecendo com o mercado? É hora de esquecer dos ativos de risco e olhar somente para a renda fixa?
Resultado acumulado em 2022 das bolsas globais, em 14/06:

Vamos iniciar recapitulando o início do período pós pandemia. A bolsa americana apresentou forte recuperação e passou a negociar em patamares de topo histórico, acompanhando o ciclo de injeção de liquidez do banco central norte americano em resposta à pandemia.
Após os primeiros sinais de inflação persistente nos EUA, o mercado começou a discutir, ainda que timidamente, a possibilidade de implementação de uma política monetária contracionista.
A partir do momento em que o mercado passou a não comprar o discurso de 'inflação transitória' adotado pelo banco central norte americano até então e passou a questionar se o FED estaria ‘atrás da curva’, iniciou-se o processo de reprecificação dos ativos de risco. Em pouco tempo a discussão evoluiu para quando e em qual magnitude se iniciaria o ciclo de aperto monetário, aumentando a velocidade deste processo.
Os efeitos inflacionários da pandemia, em que pese a forte disrupção nas cadeias produtivas e o impacto nos preços das commodities foram agravados pelo excesso de liquidez no mercado.
Somado a isso, o conflito Russia-Ucrania e os mais recentes lockdowns na China foram eventos que estavam de certa forma fora do radar e acrescentaram incertezas no campo da geopolítica e um componente adicional de pressão inflacionária.
Diante deste cenário, o núcleo dos temas que o mercado está absorvendo passa pelos seguintes questionamentos:
- A inflação nos EUA e Europa pode ser mais persistente do que o que está precificado?
- Quanto tempo vai durar o ciclo de aperto monetário e quais serão os juros terminais norte americanos?
- Por quanto tempo mais o mundo vai conviver com o conflito Russia-Ucrania?
- Por quanto tempo mais a política COVID zero na China seguirá vigente?
- Qual será a magnitude de uma eventual recessão na Europa e nos EUA?
- Qual a probabilidade de passarmos por um período mais longo de estagflação?
Existem diversos outros temas relevantes, principalmente no que diz respeito à inflação. Mas o fato é que a inflação é um problema global. Veja na imagem abaixo (Inflation in euro area countries) dados recentes de países europeus:

É importante ressaltar que o movimento de correção nos preços dos ativos de risco não deixa de servir de ferramenta auxiliar para a política monetária norte-americana. Resta saber até que ponto.
À medida em que o mercado conseguir ter mais visibilidade sobre estes questionamentos, é de se esperar uma convergência para um consenso de precificação e consequentemente redução de volatilidade.
Também é sempre importante lembrar que o mercado é cíclico, se move por narrativas e costuma exagerar tanto nos momentos de otimismo quanto nos momentos de pessimismo. É muito difícil fazer exercícios de timing em ativos de risco e não temos essa especialidade.
Enquanto assessores de investimento, nosso foco é auxiliar nossos clientes na busca por uma exposição adequada ao perfil de cada investidor, sempre a partir de um ponto de vista de alocação e diversificação entre fatores de risco.
Na Austria Capital, entendemos que construir um portfólio resiliente é um exercício de longo prazo e, justamente nos momentos de maior incerteza, fica ainda mais claro que uma alocação bem estruturada é muito mais relevante do que market timing para os resultados de longo prazo.
Contar com o apoio de uma assessoria de investimentos profissional neste processo é o passo mais indicado para investidores que buscam estruturar um portfólio sólido e inteligente.
Leonardo Strambi
Sócio-Fundador e Assessor de Investimentos na Austria Capital
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