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Como posicionar os seus investimentos pós-eleições

  • Foto do escritor: Leonardo Strambi, CFA
    Leonardo Strambi, CFA
  • 31 de out. de 2022
  • 3 min de leitura

Atualizado: 4 de nov. de 2022

Lula foi eleito presidente do Brasil. E agora?


O nível de incerteza ainda é alto, tendo em vista que a campanha de Lula não anunciou um plano de governo concreto, ou a equipe de governo. Diante deste cenário, como o investidor pode se posicionar?


Inicio trazendo lista de possíveis integrantes do governo, divulgada hoje pela CNN.


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Não está claro se Lula conseguirá contemplar demandas sociais mantendo a responsabilidade fiscal. A percepção de que as sinalizações de campanha não cabem no arcabouço fiscal existente é um ponto de atenção.


A maior incerteza, somada ao cenário externo mais desafiador, pode pressionar os juros de equíbrio e deixar a curva longa mais sensível a ruídos. Um nome pró-mercado na Economia poderia deixar o mercado mais leve no curto prazo.


Muitos players não esperam um radicalismo de Lula, pelo menos em primeiro momento, com uma probabilidade maior da estruturação de um governo de coalizão.


A nova composição do legislativo será um fator importante, tendo em vista que a ampla bancada de centro-direita aumenta a probabilidade de uma oposição mais relevante e reduz significativamente o risco de guinadas mais à esquerda. Escrevi sobre isso no artigo publicado após o primeiro turno, "Eleições e mercados: o que esperar".


As estatais devem sofrer mais no curto prazo, enquanto setores como varejo, educação e construtoras focadas no público de baixa renda tendem a se beneficiar.


O time de análise política da XP reforçou alguns outros pontos de atenção, além da questão fiscal:


"Além da nova equipe econômica e da discussão sobre o teto de gastos, outras questões que investidores estarão atentos são as reformas econômicas – principalmente a reforma tributária – e qual será o modelo de concessões de infraestrutura para o setor privado. Mas esses são assuntos menos urgentes, e não esperamos nenhuma informação relevante sobre essas frentes até o início do mandato no ano que vem."


Destaco também o comentário de Rogério Xavier, da SPX, uma das nossas casas preferidas para estratégias macro, que sinalizou que o investidor estrangeiro prefere Lula a Bolsonaro, em função da agenda ESG, conforme divulgado pelo Valor.


Os estrangeiros avaliam Lula com melhores olhos do que o atual presidente, Jair Bolsonaro, segundo Rogério Xavier, sócio-fundador da SPX Capital, que tem uma das suas bases em Londres. "Não me matem, sou só o mensageiro, mas o estrangeiro tem preferência por Lula por ele ter uma agenda mais amigável do ponto de vista do meio ambiente, das ideologias de gênero, da questão das armas e da política externa", afirmou o gestor ao participar de evento da Empiricus, informa o Valor. Ele comentou que a pauta ESG não é balela, que lá fora os investidores levam a sério, e que por isso o espaço dos partidos ligados ao meio ambiente tem crescido em número de parlamentares. "O Brasil, por mais que pudesse ter razão nos argumentos, a maneira autoritária como colocava, que ninguém tem nada a ver com isso, que a Amazônia é nossa, foi afastando o estrangeiro, e quando olho para o Brasil de hoje - não tenho preferência política por nenhum dos dois -, vejo o investidor voltando com uma atenção maior sobre o Brasil."


Conclusão

É difícil ignorar que há prêmio de risco na renda fixa, no câmbio e na bolsa, mas a incerteza e os riscos aumentaram significativamente, o que indica que provavelmente passaremos por períodos de grande volatilidade nos mercados. Diante deste cenário, além da cautela ainda maior ao se pensar em ajustes ou rebalanceamentos, as principais recomendações são o cuidado com a liquidez, a diversificação geográfica e o aconselhamento profissional.


Em momentos como esse, carregar um nível de liquidez acima da média pode ser uma excelente estratégia. Os níveis atuais de juros reforçam essa visão, tendo em vista a possibilidade de expressiva remuneração (nominal, é importante destacar) de caixa.


A diversificação geográfica é extremamente importante para proteger parte do patrimônio do Risco Brasil, se expondo ao dólar e à economias desenvolvidas, como a norte-americana.


Escrevi artigo sobre o tema na semana passada, destacando que o S&P 500 negocia a 16x lucro, após queda de aproximadamente 30% do último topo histórico, em outubro de 2021, até o low no início deste mês, indicando que os ativos já estão negociando com algum desconto.


Por fim, a principal recomendação é que o investidor conte com aconselhamento profissional, para estruração de uma alocação estratégica de longo prazo, compreensão do contexto macroeconômico e monitoramento contínuo da sua carteira de investimentos.


Leonardo Strambi

Fundador e Assessor de Investimentos na Austria Capital


*Opiniões e análises pessoais, que não refletem necessariamente visões institucionais, nem se configuram como recomendação de investimento.


*A Austria Capital preza pela qualidade de informações e análises, ressaltando, no entanto que não faz qualquer tipo de recomendação de investimento neste portal. Qualquer decisão de investimento deve ser sempre realizada em conjunto com um profissional certificado de mercado, observando aspectos pessoais, situação patrimonial e perfil de risco.


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