Carta mensal Austria Capital - julho/2024
- Leonardo Strambi, CFA

- 9 de jul. de 2024
- 3 min de leitura
Clientes e amigos,
Em junho, a expectativa de um corte de juros nos EUA aumentou devido a dados econômicos positivos, contribuindo para mais um mês de boa performance do S&P 500. Nesta carta abordamos alguns pontos que vem nos chamando a atenção, como a ausência de rotação, a dependência de poucas ações no movimento de alta e um possível "cansaço" no mercado. Boa leitura!
1. Desempenho dos mercados
2. Indicadores Econômicos
O principal vetor que continua balizando as alocações táticas dos nossos portfólios é a política monetária nos EUA. Após as leituras dos dados mais recentes, o mercado passou a atribuir uma probabilidade de 70% de um corte de juros já em setembro.
Historicamente, o Fed não fica à margem durante os anos eleitorais, mas continua a buscar seu duplo mandato de estabilidade de preços e máximo emprego, mantendo sua independência das disputas políticas.
Veja como historicamente o FED se comportou em anos eleitorais.
3. Posicionamento das carteiras administradas
Ao longo do mês de junho, o mercado começou a atribuir uma maior probabilidade de queda nos juros nos EUA em setembro, impulsionado por leituras mais positivas dos dados econômicos.
O PIB trimestral cresceu 1,4%, superando ligeiramente o consenso de 1,3%. O índice PCE, que é o dado mais relevante para o FED, ficou alinhado com as expectativas, marcando 2,6%. Já o Core Inflation, que exclui os itens mais voláteis como alimentos e energia, registrou 3,4%, um pouco abaixo do consenso de 3,5%.
No mercado de trabalho, os dados também mostraram sinais de robustez. As novas vagas de trabalho (JOLTS) totalizaram 8,05 milhões, comparado com a expectativa de 8,34 milhões. O relatório de emprego (Payroll) surpreendeu positivamente, com 272 mil novos empregos, bem acima do consenso de 182 mil.
Esses dados econômicos positivos contribuíram para uma valorização de 2,87% no S&P 500 no mês. No entanto, observamos que as expectativas de corte nos juros não foram acompanhadas por uma rotação significativa no mercado acionário. Isso é algo que nos chama a atenção, pois, dado os níveis de prêmio de risco e os efeitos mais positivos na margem do corte de juros em alguns setores, esperávamos ver um movimento de rotação mais pronunciado.
Indo um pouco além, é interessante observar que atualmente a direção da bolsa americana depende muito do desempenho de um punhado de ações de mega capitalização. O Bespoke Investment Group ilustrou uma divergência acentuada, que corrobora com a nossa tese, olhando para a última vez que os 11 setores industriais do S&P 500 atingiram máximos de 52 semanas.
Usando 18 de junho, o último dia de negociação antes do feriado de quarta-feira, é possível observar que apenas os setores de tecnologia e comunicação renovaram máximas nos últimos 30 dias.
A falta de amplitude no mercado pode ser considerada um sinal de 'cansaço' no movimento de alta da bolsa norte americana. Se isso será suficiente para vermos uma bolsa mais lateralizada ou até mesmo passando por uma correção no segundo semestre, somente o tempo vai dizer.
Esses dois fatos (ausência de rotação e falta de amplitude), somados aos múltiplos esticados e ao quadro técnico sobrecomprado nos faz acender um sinal de alerta. Seguimos mantendo a exposição à bolsa americana nos níveis neutros, enquanto aguardamos sinalizações mais claras do mercado.
No Brasil, apesar dos valuations atrativos, que oferecem uma boa margem de segurança, a dinâmica de curto prazo parece estar sendo ditada não por fundamentos, mas por movimentos rápidos de compressão e descompressão de prêmios de risco, com o câmbio servindo como o melhor termômetro. Foi interessante observar a redução dos ruídos políticos gerados pelo poder executivo quando o dólar atingiu os níveis de R$5,70, seguida pela boa performance da bolsa nos dias seguintes. Vale lembrar que, em 2024, temos uma das piores bolsas e uma das piores moedas do mundo, com uma queda de 16,34% em dólar.
Entendemos que um eventual corte de juros nos EUA (ou um simples aumento na probabilidade de um corte) pode beneficiar a bolsa brasileira, como ocorreu em novembro de 2023. Temos mantido uma posição sobrealocada em bolsa doméstica, porém montando posições mais táticas de proteção em um momento em que o mercado se mostra sobrecomprado.
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Nesta carta mensal, compartilho reflexões sobre ciclos econômicos, tendências duradouras, e como estruturar portfólios inteligentes e resilientes. O objetivo é entregar o máximo de valor pelo minimo de tempo. Boa leitura!
Um excelente mês e bons negócios.
Leonardo Strambi, CFA Economista graduado pela PUC-RJ, MBA em Gestão de Investimentos pelo IAG/PUC-RJ, Gestor de Recursos CVM - CGA/CGE. Fundou a Austria Capital em 2017, onde atua como gestor de portfólios. |
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