ReACTION #3 - A Queda Global no Mercado: Mais do Que Dados Econômicos dos EUA
- Leonardo Strambi, CFA

- 5 de ago. de 2024
- 3 min de leitura
Clientes e amigos,
Compartilho nossa atualização sobre principais temas que temos explorado em nossas teses de investimento e os posicionamentos das nossas carteiras administradas:
A Queda Global no Mercado Tem Mais a Ver com o Fim do Financiamento Barato do que com a Economia dos EUA
A semana abriu com os mercados de ações globais enfrentando uma queda significativa. Na nossa visão, este movimento está mais relacionado ao desmonte das operações de 'carry trade' do que a uma mudança repentina na economia dos EUA.
O Contexto
Recentemente, dados de emprego nos EUA foram divulgados e, embora tenham sido mais fracos do que o esperado, não são suficientes para justificar a magnitude da queda nos mercados.
Desmonte de Carry Trade
A explicação mais plausível para essa turbulência é o desmonte acentuado das operações de carry trade. Para entender, carry trade é uma estratégia onde investidores tomam empréstimos em economias com baixas taxas de juros (como Japão ou Suíça) para investir em ativos de maior rendimento em outros mercados. Recentemente, o iene japonês se valorizou mais de 11% em relação ao dólar, pegando muitos investidores de surpresa e forçando-os a vender posições alavancadas para cobrir perdas.
Impactos no Mercado
Tecnologia: As ações de tecnologia dos EUA foram particularmente afetadas. O índice Nasdaq, que é fortemente voltado para tecnologia, caiu mais de 8% em agosto, enquanto o índice S&P 500 caiu 6%.
Empréstimos em Ienes: Desde o final de 2021, o empréstimo de ienes transfronteiriço aumentou em US$ 742 bilhões. O desmonte dessas operações gerou uma venda maciça de ações japonesas e afetou outras partes do mercado.
O impacto Alavancagem nos hedge funds
Os hedge funds, que frequentemente financiam suas apostas através de empréstimos, amplificaram esses movimentos do mercado. De acordo com uma nota do Goldman Sachs, a alavancagem bruta dos fundos de hedge ainda está perto dos máximos de cinco anos. Com as apostas contra ações superando as apostas de alta, muitos fundos focados no Japão sofreram perdas significativas, com uma queda de 7,6% nas últimas três sessões de negociação.
O impacto nas criptomoedas
Um ponto frequentemente discutido com nossos clientes é se o Bitcoin pode ser considerado uma reserva de valor, como defendem os entusiastas da tese. Nossa posição tem sido que o ativo se comporta mais como um 'beta alavancado do Nasdaq', devido à sua forte correlação com esses ativos. O selloff observado ontem reforça essa visão, já que, em um momento de aversão ao risco, o fluxo de capital foi predominantemente negativo para as criptomoedas em geral.
Conclusão
A volatilidade excessiva e a escala da liquidação levaram a comparações com crises de mercado passadas, como a queda do mercado de ações na Segunda-feira Negra de 1987, a crise financeira global de 2008 e o pânico desencadeado pelos bloqueios da COVID-19 em 2020.
No entanto, o mercado ainda está longe de repetir o que fez durante esses períodos de turbulência. Dados divulgados na segunda-feira mostraram que a atividade do setor de serviços dos EUA se recuperou de uma baixa de quatro anos em julho, oferecendo algum alívio para os investidores nervosos.
É inegável que, após o último payroll, a tese de um "pouso forçado" ganhou mais força, com questionamentos sobre o FED estar "atrás da curva". No entanto, acreditamos que a recente queda no mercado está mais ligada ao desmonte de carry trades e à valorização inesperada do iene do que a uma mudança fundamental na economia dos EUA. Embora a volatilidade atual seja significativa, é crucial distinguir entre ruído e movimentos técnicos e as mudanças reais nos fundamentos. Precisaremos acompanhar os próximos dados econômicos para determinar se a economia americana enfrentará uma recessão.
Caso tenha qualquer dúvida, ou queira entender com mais detalhes sobre o posicionamento dos portfólios e nossa visão de mercado, estamos à disposição.
Abraços e bons investimentos,
Leonardo Strambi, CFA
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Leonardo Strambi, CFA Economista graduado pela PUC-RJ, MBA em Gestão de Investimentos pelo IAG/PUC-RJ, Gestor de Recursos CVM - CGA/CGE. Fundou a Austria Capital em 2017, onde atua como gestor de portfólios. |
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